Aprender uma nova língua é uma jornada fascinante que vai muito além das palavras e da gramática. Quando mergulhamos em um novo idioma, também estamos nos expondo a uma nova cultura, com suas próprias nuances e formas de comunicação. No caso do japonês, uma das características mais marcantes são os gestos e a linguagem corporal. Diferentemente do Brasil, onde gestos são frequentemente usados para reforçar palavras, no Japão eles têm significados específicos e são uma parte integral da comunicação. Neste artigo, exploraremos alguns dos gestos japoneses mais comuns e seus significados.
O Significado dos Gestos na Cultura Japonesa
A comunicação não verbal desempenha um papel crucial no Japão. Os japoneses tendem a ser mais reservados em suas expressões faciais e verbais, o que torna a linguagem corporal ainda mais importante. Entender esses gestos pode ajudar significativamente na comunicação e evitar mal-entendidos culturais.
Reverência (お辞儀, Ojigi)
A reverência é provavelmente um dos gestos mais conhecidos e é usado em diversas situações, desde cumprimentos até desculpas. A profundidade e a duração da reverência podem variar dependendo do contexto e da relação entre as pessoas envolvidas. Uma reverência rápida e leve é comum entre amigos, enquanto uma reverência profunda é reservada para situações formais ou quando se pede desculpas.
Chamá-lo para Aproximar-se
No Brasil, chamar alguém para se aproximar é geralmente feito com a palma da mão voltada para cima, movendo os dedos em direção ao corpo. No Japão, esse gesto é feito com a palma da mão voltada para baixo, movendo os dedos em direção ao corpo. Este gesto é frequentemente usado para chamar crianças ou pessoas em situações informais.
Apontar para Si Mesmo
Enquanto no Brasil costumamos apontar para o peito quando falamos de nós mesmos, no Japão, as pessoas apontam para o nariz. Este gesto pode parecer estranho para os estrangeiros, mas é perfeitamente normal e compreendido no contexto japonês.
Contar nos Dedos
Outra diferença cultural interessante é como os japoneses contam nos dedos. No Brasil, começamos com o polegar e terminamos no mindinho. No Japão, eles começam com o dedo mindinho e vão até o polegar. Esta diferença pode parecer pequena, mas é um detalhe curioso que mostra como até mesmo os pequenos gestos podem variar de cultura para cultura.
Gestos de Negação e Concordância
Gestos de Negação
No Japão, balançar a mão em frente ao rosto de um lado para o outro é um gesto comum para indicar “não” ou “não quero”. Este gesto é frequentemente acompanhado por um sorriso, o que pode confundir estrangeiros, mas é simplesmente uma maneira educada de recusar algo.
Gestos de Concordância
Para concordar, os japoneses frequentemente acenam com a cabeça de maneira leve, semelhante ao que fazemos no Brasil. No entanto, é importante notar que, no Japão, acenar com a cabeça não significa necessariamente concordância total. Pode ser uma maneira de indicar que a pessoa está ouvindo e compreendendo, mas não necessariamente concordando plenamente.
Gestos de Polidez e Respeito
Oferecer e Receber com Duas Mãos
Quando os japoneses entregam ou recebem algo, especialmente cartões de visita, presentes ou documentos importantes, é considerado educado usar ambas as mãos. Este gesto demonstra respeito e consideração pela outra pessoa e pelo objeto sendo trocado.
Colocar a Mão na Nuca
Colocar a mão na nuca enquanto se inclina ligeiramente para frente é um gesto usado para mostrar constrangimento ou arrependimento. Este gesto é frequentemente visto em situações informais, quando alguém comete um erro ou se sente envergonhado.
Gestos de Saudação e Despedida
Acenar
Acenar com a mão é um gesto comum de despedida no Japão, semelhante ao Brasil. No entanto, é mais discreto e menos exagerado. Os japoneses tendem a acenar apenas com os dedos, mantendo a palma da mão voltada para baixo.
Juntar as Mãos
Juntar as mãos em forma de oração, conhecido como “gassho” (合掌), é um gesto usado em templos e santuários para mostrar respeito e gratidão. Este gesto é frequentemente acompanhado por uma leve inclinação da cabeça.
Gestos Relacionados à Alimentação
Itadakimasu (いただきます)
Antes de começar a refeição, os japoneses dizem “itadakimasu” enquanto juntam as mãos em forma de oração. Este gesto e expressão são uma maneira de agradecer a todos que contribuíram para a refeição, desde os agricultores até o cozinheiro.
Gochisosama (ごちそうさま)
Após a refeição, é comum dizer “gochisosama” e, às vezes, juntar as mãos novamente. Este gesto é uma forma de expressar gratidão pela comida e pela companhia.
Gestos de Entretenimento e Cotidiano
Pose de Paz (ピースサイン, Piisu Sain)
A pose de paz, com os dedos formando um “V”, é extremamente popular no Japão, especialmente em fotos. Este gesto simboliza felicidade e diversão e é amplamente utilizado por jovens.
Dar de Ombros
Dar de ombros é um gesto universal que também é usado no Japão para indicar incerteza ou indiferença. No entanto, é menos comum do que em culturas ocidentais.
Gestos de Desculpa
Reverência Profunda
Para pedidos de desculpas sérios, os japoneses frequentemente fazem uma reverência profunda, inclinando-se em um ângulo de cerca de 45 graus ou mais. Este gesto é uma maneira de demonstrar arrependimento sincero e respeito pela pessoa ofendida.
Inclinar a Cabeça
Em situações menos formais, um leve inclinar da cabeça pode ser suficiente para pedir desculpas. Este gesto é frequentemente usado em combinação com palavras de desculpas, como “sumimasen” (すみません) ou “gomen nasai” (ごめんなさい).
Considerações Finais
Entender e respeitar os gestos japoneses comuns é essencial para qualquer pessoa que deseja se comunicar efetivamente no Japão. Embora os gestos possam parecer simples, eles carregam significados profundos e são uma parte integral da cultura japonesa. Ao aprender e praticar esses gestos, não só melhoramos nossa habilidade de comunicação, mas também mostramos respeito e consideração pela cultura japonesa.
Portanto, da próxima vez que você estiver no Japão ou interagindo com japoneses, preste atenção aos gestos e tente incorporá-los em sua comunicação. Isso não só enriquecerá sua experiência cultural, mas também ajudará a construir pontes de compreensão e respeito mútuo.